30.10—01.11.25
Guimarães, Portugal

Passamos a vida a estilizar o rock e o punk, mas esquecemo-nos frequentemente da sua evolução; regressamos vezes demais a lugares suaves por aversão a riscos. Tudo isto define em oposição aquilo que bbb hairdryer é e faz: o coletivo encabeçado por Elisabete Guerra é bem rodeado, inspira-se no pico das guitarras para criar uma fórmula de verve, sangue e distorção em que todos os controladores estão no máximos: as guitarras rasgam-se em melodias, a bateria corre atrás delas em catadupa e volume global de tudo com as vozes, bem gritadas, somadas leva os ouvidos a colapsar, a própria gravação a clipar. A viagem é sempre alucinante, o som acutilante, e as memórias podem não ficar. Mas há traumas que o corpo não esquece, e nem sempre são maus.

Qualquer bom corte de carne melhora com a maturação. A regra não é diferente com o produtor e compositor de Philadelphia Chris Taylor, cujas doses musicais que serve enquanto Body Meat vêm generosamente temperadas com uma masala de referências arrojadamente misturadas: pop de influência R&B, indubitavelmente, mas onde se ouve trap, clubbing e expressões mais extremas, do metal ao noise. Tudo isto, desenvolvido ao longo de mais de meia década, está maravilhosamente servido no disco de estreia, Starchris, uma afirmação auto-referencial de qualidade indelével e onde a sua arte está magistralmente exposta. Uma amostra maravilhosa de tudo o que irá ser o concerto em Guimarães.

Num mundo de pens, de stream, de consumo rápido, e de intangíveis, Leslie Beesley, conhecida pelo seu nome de mixer Chinese Daughter, existe em prática nos antípodas destas ideias. Digger nata, Beesley atua única e exclusivamente com vinil, tirando de cada rodela e a cada rotação o mais puro som de batidas quebradas e graves profundos de jungle e hardcore clássico. Podem iniciar as preparações a ouvir os seus sets na Rinse ou na Balamii, contextos justamente dedicados àquilo que mais nos apraz numa pista de dança: alucinações rítmicas e levitações induzidas pelos baixos intensos.

Colombian Drone Mafia existe numa das famosas interceções que perturbam as paisagens da criação contemporânea: a que separa a eletrónica entre sons sintéticos e field-recordings. Nesse terreno ainda pouco cartografado, Nyksan, o produtor nascido em Bogotá por detrás de CDM, junta forças para um primeiro EP com a violinista mexicana Gibrana Cervantes, onde cruzam linguagens de improvisão e contextos eletrónicos para desenvolver texturas, timbres e sub-melodias. Acima de tudo, a dupla cria sensações e perturbações psíquicas, algo a esperar num Mucho Flow. Aqui podemos dizer para “não se meterem nas drogas, crianças”, porque a Colombian Drone Mafia e Gibrana Cervantes já alteram sinapses que cheguem.

Todos os anos temos surpresas, e todos os anos convidamos o Lynce para nos surpreender. A nossa relação simbiótica de exploração do submundo da pista de dança tem-se desenvolvido assim há mais de uma década, e não vai mudar agora. Pedro Santos, residente no Porto e representante dos ritmos felinos do acid, do jungle e do hardcore prepara-se para, ora nos pratos, ora nos synths, criar um set de DJ e live que nos vai deixar imediatamente com saudades do que vamos estar a viver. E a ansiar por mais um Mucho Flow, e mais um set de Lynce na sua reserva natural, mesmo que enquanto espécie invasiva: Guimarães.

Navegante de marés ambientais sintetizadas, Theodora Laird, mais conhecida pelo seu nome de palco feeo, é uma das mais recentes adições ao robusto catálogo editoral do selo londrino AD93. Depois de ter assinado 3 EPs auto-editados e colaborado com Lorraine James e Caius Williams, feeo prepara-se para lançar o seu longa-duração debutante, onde drones e ambientes se cruzam em ambientes particularmente digitais, onde o granulado analógico é substituído por recortes digitais e edições quase cinemáticas. Sobre todos estes detalhes, a voz aveludado de Laird embala-nos até uma espécie de paralisia de sono, onde permanecemos despertos e encantados.

Há sempre uma certa expectativa de que a linguagem do folk ou de qualquer tipo de folclore seja o da simplicidade. Não que isso seja verdade, mas há limites impostos aos instrumentos acústicos que preterem a complexidade em prol de uma melodia orelhuda, de uma letra metricamente perfeita e uma mensagem arredonda. A estadounidense Hannah Frances cumpre com todo o cânone, mas acrescenta-lhe a desenvoltura que dilapidaram da folk ao longo das décadas: há progressões inusitadas, arranjos elaborados e vida além do formato canção na sua música. E claro, há uma voz possante, harmonias a abrir caminho para melodias demovedoras e os motivos estéticos que fazem a delícia de qualquer trovador, e dos seus ouvintes. Vamos balançar juntos em Guimarães, e a banda sonora é de Hannah Frances.

Os mais exímios representantes do ghetto tech atual, tudo nos lives de HiTech é roda viva. Nobres representantes do rust belt estado-unidense, o coletivo de Detroit carrega a herança do techno com a sua variação hiper lasciva oriunda do outro lado do Lago Michigan. Ao som mega acelerado, com kicks imprevisíveis, acresce a desenvoltura na cerimónia que pedem emprestado ao hip hop e lhes permite galvanizar pessoa a pessoa na pista, proporcionando um descontrolo viral. Se perderem a cabeça, lembrem-se que a têm entre os ombros, ou nas mãos dos HiTech.

A dupla Infinity Knives + Brian Ennals é tão ilustrativa das circunstâncias de Baltimore como do percurso singular das duas peças que formam o duo. Infinity Knives é o acumular de várias diásporas, com a migração da Tanzania para os Estados Unidos via Quénia, África do Sul e Madagáscar, a encapsular uma variedade de mundos que convergem na linguagem de Brian Ennals, rapper veterano do estado de Maryland. A colaborarem desde 2022, depois de uma primeira experiência no álbum de estreia de Infinity Knives, o terceiro disco da dupla ouve verborreias politicamente carregadas e bem dirigidas de Ennals a ser empurrada por uma avalanche de referências sonoras que vai da eletrónica de várias latitudes (do juke ao hip hop, com passagens por todas as ondas de synths e variações; do metal ao folk) com um resultado tão avassalador como embevecido. Preparem as ideias, porque os corações não vão aguentar.

Movendo-se no universo pop com uma desenvoltura impar, Lauren Duffus resgata um século de cancioneiros para elaborar uma versão hiperbólica de tudo o pode ser a versão contemporânea das expressões mainstream. O resultado bebe tanto à alegria do rnb como ao dramatismo do trip hop, junta o corpo ao garage e cria espaço com baladas, guiando os movimentos e as emoções com uma voz pejada de efeitos e intenções. É um movimento de décadas a culminar nas mais emocionantes peças de hoje, prestes a agitar o famoso turbilhão de emoções de Guimarães.

Qualquer toponímia e nomenclatura é insuficiente para descrever o portento musical dos irmãos Chuquimia Crampton, que juntaram esforços para criar um dos documentos sonoros mais importantes deste ano. Falar em desconstrução é apenas válido do ponto de vista intelectual por haver, de facto, poucas referências para catalogar o portento criativo de Joshua e de Chuquimamani-Condori, que comprimem acústica e tradição boliviana com os novos arquétipos de eletrónica hiper-saturada e criam um documento de identidade que vai além da sua geografia pan-americana. A sua música tem tanto de possibilidade clubbing como de ritmo afrolatino hesitante e lascivo, como de americana pastoral. Este vortex existe no agora, mas representa uma anomalia temporal. A fissura no tecido do espaço-tempo que ocupam vai ser reportada em Guimarães e é uma sorte podermos estar lá para assistir. Quem sabe se um dia não somos todos estudados.

LUXE tem-se afirmado como DJ, entre a cena de clubbing das cidades do norte inglês e várias celebrações de inclusão e diversidade, e espelhando toda a polivalência que uma pista de dança-tornada-lugar-seguro permite fazer. A sua vertente de criação, contudo, vai no sentido diametralmente oposto da sua persona de club e abre as portas para uma personalidade que habita o eletro-acústico, a síntese sonora e incursões ambientais com uma desenvoltura de quem nunca parou de criar habitáculos, é esse mesmo conforto que LUXE produz nos seus live sets. Há um lugar só da britânica nas frequências sónicas, e vamos ter a sorte de o partilhar com ela durante o Mucho Flow.

Maki é o principal talento emergente dos 140 neste cantinho europeu. Descendente espiritual da terceira vaga de dubs, é nos mais profundos que a DJ radicada em Lisboa, misturando ritmos quebrados com baixos protuberantes, impondo um ritmo ponderado, recortado e digno das melhores caves londrinas.

Já com alguma veterania na cena ambient e drone, Maria Somerville chega ao universo pop da 4AD com um percurso de paisagismo sonoro invejável: através da manipulação de instrumentos muito associados ao folk, acústicos, cheios de reverberação, a irlandesa não se coibe de exarcebar as suas características para criar motivos fantasmagóricos que combinam particularmente bem com o formato de canção e balada que facilmente se torna num loop habitável. Luster, o seu novo álbum, é um conjunto destes fenómenos, em que andamentos rock e arranjos folk criaram um conjunto de canções comoventes, em que a voz espectral de Somerville nos dá o pedaço de shoegaze que qualquer noite digna de memória pede. Não queremos, com isto, dizer que será este único momento inesquecível do Mucho Flow, mas estamos dispostos a apostar que haverá Maria Somerville nas vossas playlists de 2025 em diante.

Há algo de verdadeiramente topográfico nos sets de Minna-no-Kimochi, que tem uma relação imediata e direta com o facto de serem oriundos de Tóquio. Constantes no ritmo, é no andamento acelerado que nos levam a ver todas as cores do arco-íris de neon que é a capital nipónica. Em termos menos crípticos, isto quer dizer que há uma verborreia de sintetizadores, brilhantes e nada secos, com que elevam batidas e controlam batimentos cardíacos; trabalham em torrente de camadas, em melodias de êxtase e andamentos acelerados, mas com uma plasticidade narrativa que lhes permite um sob e desce emocional. Não é linear, como nenhum set tem de ser, mas acaba sempre em alegrias máximas.

Há um desejo secreto, mas mal escondido, de a pop tomar conta de todos os espaços, seja o estádio, ou a sala de concertos íntima; a resistência do club sempre se fez, e a desenvoltura com que os ravers avançam para a próxima linguagem quando a pop parece compreendê-la é apenas prova disso. Isso, contudo, não impede os clubbers de tomar a pop e a trazer para o seu universo, a música de Nick León é um exclusivo club de delícias vocais imaculadamente vestidas para dançar e ele é o seu porteiro. Só entra a pop de bom gosto e, nem por acaso, estamos todos na guest. No novo álbum, o produtor vindo da Flórida encapsula imensamente bem todos os ingredientes de uma boa canção e consegue fazê-la coabitar na beleza da cultura de club, onde entram convidados nomes como Erika de Casier, Ela Minus e Xander Amahd para partes orelhudas, e onde o estado-unidense se lança solo para ritmos mais latinos ou para o house quase-maximal.

A mais graduada da classe de XXIII, Noia tem-se afirmado como a porta-estandarte da sua geração de agitadores de pista de dança no Porto. Promotora-feita-DJ-volta-promotora, Noia conquistou o seu espaço por via da incineração, pegando fogo por onde passava com uma mistura de bass music do juke ao jungle que abre portas e deixa escancarada para quem vem de seguida. Qualquer dúvida se dissipa no seu Club Noia, a sua noite de residência em que escolhe clinicamente com quem partilha decks e mixers e onde a regra é muito simples: o chão é lava, não se pode estar de pés grudados. Lembrem-se disso durante o seu set no Mucho Flow.

Para os mais atentos, Pedro Melo Alves é mais um argumento a confirmar o talento portentoso que circula pelas paragens do jazz e da improvisação em Portugal; para os mais desatentos, é um nome que, mesmo em letras pequenas num combo, ou num projeto maior, tem um impacto indelével na música criada. O baterista, em nome próprio, desdobra-se em arrojado arranjista, compositor para big band e ensembles mais curtos, e num explorador de texturas a solo capaz de elevar timbre a melodia num piscar de olhos. O que quer que traga na algibeira para Guimarães, vai ser memorável.

PLUS44KALIGULA, o projeto da britânica Cally Statham, surge como o que pode ser uma reflexão crítica sobre a condição humana, feita por meio de metodologias tão esquecidas que parecem novas — não muito diferente do que vemos acontecer com inteligências artificiais e naturais. As suas produções, saturadas, dramáticas e poderosas, desafiadas por uma contenção muito clinicamente utilizada, permite à cantautora mostrar a sua dinâmica vocal, saltando entre o épico e o calma da pop com muita mestria. Mais importante, PLUS44KALIGULA usa as suas composições como ponto de partida para resgatar a arte isolada da música da performance, criando peças ao vivo, e rodeando de desenhos de palco elaborados, para criar peças de impacto sónico e visual igualmente impactantes. Numa altura em que parece que nos esquecemos do que somos e nos permitimos a substituições de qualidade dúbia, Statham surge como uma espécie de mensageira entre o natural e o artificial com o objetivo claro de não apaziguar nenhum dos lados.

Poucas vezes se aplica tão bem o conceito de eletro-acústico como aqui: factualmente, o Coletivo Raso junta linguagens acústicas, na bateria, na voz, na cenografia, e processa-as por realidades materiais eletrónicas, por via da sintetização, da modulação, da luz, do vídeo. O resultado, contudo, não podia ser mais distante daquilo que a nomenclatura normalmente indica, uma densa parede de sons que se acumula em alturas e volumes com um vociferar claro, mas furioso. Ao vivo, o coletivo que junta Ricardo Martins, Jonathan Uliel Saldanha, Carlos A. Correia, Pedro Ribeiro, Diogo Mendes, que compreendem a versão live do coletivo, e a quem acrescem Pedro Bastos, Cláudia Ribeiro e Susana Bettencourt, é projetado para novas dimensões audiovisuais, mais dignas de um universo elegante do que da nossa simplicidade 4D. Teremos de jogar com a flatland que nos deram e viver nas descrições hiperbólicas do Raso.

Com a lição house bem estudada, Sassy 009 representa o melhor da escola escandinava da pop: melodias orelhudas, das que se instalam pelos tímpanos, ocupam os recantos encefálicos e permanecem na cavidade toráxica. Através de elementos da eletrónica, com uma aplicação exemplar dos ambientes da eletrónica, Sunniva Lindgård cria canções que não deixam ninguém indiferente, ao ponto de ter captado atenções bem além da sua península e de se firmar como permanente promessa do futuro da pop. Tudo a concretizar no Mucho Flow. Esta podem pôr já nas vossas playlists, que é dada.

Uma combinação de loucos: o francês Simo Cell, mestre rítmico do dancefloor, com o colombiano Verraco, fundador da TraTraTrax e produtor de sons super graves com batidas quentes. Não sabemos bem prever como é que esta dupla se vai manifestar num back to back, mas sabemos que há-de haver expressões rítmicas possibilidades geográficas, baixos de frequências e decays e acordes arpejados para todos os gostos. Sugerimos que levem a vossa memória a longo-prazo ligeira, porque vão querer lembrar-se deste pedaço de festa.

Longe de serem uma novidade, é com uma que os These New Puritans regressam a terras nacionais: um disco novo, o primeiro em seis anos, onde o seu art pop é repensado, reprocessado e atualizado com uma contemporaneidade que trouxe aos gémeos Barnett uma renovada juventude. Cheios de sangue novo, talvez absorvido por osmose do contacto com os convidados com que se rodearam para o novo “Crooked Wings” (Caroline Polachek entre eles), os britânicos acrescentam ao seu cancioneiro um novo belo conjunto de canções, todas particularmente bem engendradas: melodias sonantes, progressões familiares sem serem óbvias e uma incólume interpretação vocal de Jack Barnett, que de voz barítono bem colocada consegue elevar-se a instrumentais erigidos em camadas. Há algo de épico em todo o novo álbum, e não é simplesmente por se tratar de um regresso.

Particularmente londrino, o som de Tracey é tão amplo quanto a identidade do Mucho Flow — o que faz da estreia da britânica em Portugal via Guimarães tão inevitável e óbvio quanto natural. Seguindo uma escola de proto e pós vaporwave, a sua música vai do lofi pop de tendências ambientais e teatrais às realidades mais hiper texturizadas, onde se ouvem malhões que têm tanto de ganchos para rádio quanto de underground e lodo grime. Há na cantautora espaço e flexibilidade para nos embalar com uma guitarra acústica para depois nos puxar o chão com torrentes de sub graves e batidas clínicas. O denominador comum será sempre a sua voz, bela, alta, possante e impositiva.

Há um difícil jogo de cores que se consegue engendrar quando se procura cromatismo além do estilo. Numa amálgama como a dos norte-americanos YHWH Nailgun, é possível ter-se instrumentações vibrantes e coloridas a pintar negrumes impactantes. Isto é, instrumentos e texturas normalmente utilizados na pop, como sintetizadores berrantes e baterias muito quentes são deturpados e depurados ao ponto de estarem livres de cargas e de poderem coabitar com vozes quase em growl e progressões hardcore. Com total liberdade, o quarteto elabora um punk que joga ao nível do que o género espera: descargas virulentas e sem merdas. O encontro violento e sincopado entre corpos descreve tão bem as expectativas de um concerto de YHWH Nailgun quanto da música que criam.

(mais nomes a anunciar)

Há uma certa letargia que apontam à contemporaneidade e a quem a habita, na impossibilidade de reagir a todos os colapsos e momentos fracturantes a que estamos sujeitos, que não cremos que nos descreve enquanto coletivo – seja ele uma sociedade ou simplesmente um acordo tácito de autonomia em relação à mesma. Nós respondemos com Inquietação.

Um sintoma do agora e dos vislumbres do futuro, a âncora que nos mantém no passado, a inquietação controla-nos até nós invertermos o jogo. Nas ruas de paris sussurava-se “Boredom won’t get me tonight”, e é assim que partimos para as artérias de Guimarães, a pulsar incerteza e curiosidade.

Inquietos, desassossegados; um mantra para o espírito e não para o corpo. Comprometidos com tornar cada esquina uma aventura; cada rua mais inclinada; cada palco um espaço de disrupção. O Mucho Flow de 2025 é sobre existir e persistir, sobre desviar a norma e criar anomalias estatísticas; porque a normalidade não é senão a mediana do que observamos, e a expressão máxima de uma letargia social que está comprometida apenas com o presente, que desconhece o presente e se desinteressa pelo devir.

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