O nome Contour não parece ter sido escolhido ao acaso: Khari Lucas não se foca na definição clara das peças que pinta, mas antes em dar-lhes contornos que se esbatam de forma retroativa com as raízes da sua cultura. A ideia de que “o blues tem muitas formas” expressa-se especialmente na sua música, que parte numa auto-descoberta a partir do hip-hop e do rnb para tudo o que pode é música negra, a música dos afro-americanos — que é, de resto, como Shepp descrevia aquilo a que se viria apelidar de jazz, algo que também se ouve entre acordes. A história que carrega nas letras e nas melodias é tremenda, imensa, leva-nos a refletir ativamente sobre aquilo de que, coletivamente, beneficiamos e em prejuízo de quem. E é nesse peso que reside a beleza indelével de Contour.